A gente morre todos os dias. Desde que nasceu. Mas já que o livre arbítrio permite escolher, que se morra feliz, vivendo como se deseja, ou ao menos tentando. Aproveitar cada dia como sendo o último – e não duvide, pode ser mesmo – talvez seja a fórmula ideal para não se levar na bagagem tantas memórias ruins na viagem de volta.
Esse
arrodeio todo é só para comentar um comercial de televisão. Um
daqueles de tiro certeiro, que com uma única frase matam a pau o telespectador.
Um dos que a amiga Iara Lima – fiel observadora do mercado – certamente botaria na sua lista de “quando os publicitários acertam”.
Quem,
como eu, trabalha com comunicação e marketing não costuma se deixar abalar por
reclames na TV. Até porque, sabemos todos o que os move: dinheiro. Mas esse aí me fez pensar, e até me deixou meio abestalhado. Ainda mais por se tratar de um comercial de operadora de telefonia, um serviço
tipo “mulher de bandido”: você apanha dele o tempo todo mas continua com ele, firme
e dependente.
Pois bem,
a frase única do reclame diz apenas: "A vida passa na
velocidade do 4G". E vem a imagem de um menino num balanço de praça,
crescendo, ficando adulto. Surge uma filha. Surge um neto...
Vai ver estou finalmente ficando
velho, chegando à temida crise da meia idade. Ou talvez a emotividade seja porque assisti ao tal
comercial logo após a notícia da morte do artista plástico Abelardo da Hora, nosso “Rodin do Mangue”, como bem definiu a amiga jornalista Germana
Accioly. Abelardo, que lembrou Eduardo, que lembrou Ariano, que lembrou as perdas de 2014, o
“Ano do Cachorro Louco”, conforme escrevi noutro texto neste blog.
Enfim, a
morte assusta quando não se está preparado para lidar com ela. Mas alguém está? Numa linha mais filosófica, o apego ao externo, às “coisas terrenas”, é o causador dos
quatro medos fundamentais do ser humano: nascimento, envelhecimento, doença e morte.
A receita é de um tal Sidarta Gautama, rebatizado como Buda. Ele próprio altamente hostilizado em seu tempo por defender que seria mais prolífico aos homens viver apenas um dia na virtude que cem anos na tolice.
A receita é de um tal Sidarta Gautama, rebatizado como Buda. Ele próprio altamente hostilizado em seu tempo por defender que seria mais prolífico aos homens viver apenas um dia na virtude que cem anos na tolice.
O que me faz concluir: sou um cara de meia idade, medroso e emotivo, enfiado na tolice
até a cabeça...
Nenhum comentário:
Postar um comentário