domingo, 21 de outubro de 2012

Titãs: na cabeça dos dinossauros
















Eu tinha 17 anos e ajudava a galera ali nos bastidores do saudoso “Circo Voador”. Para quem esqueceu, ou nunca ouviu falar, era uma área ao ar livre que ficava ali no Cais do Apolo, por onde passaram várias atrações nacionais e internacionais. Desde o Legião Urbana e dos Paralamas até o “Patrulha do Bairro”, carinhoso apelido que botamos no Police sem Sting, que tinha no baixo o virtuoso Stanley Clarke.

Pois bem, numa noite dessas, há vinte e
cinco anos atrás, aterrissaram por lá oito jovens malucos, para mostrar as músicas do seu novo “LP”, o Cabeça Dinossauro. Quem estava nos bastidores, pode testemunhar a descontração dos caras antes do show, brincalhões, zoeiros e meio “nem aí” pra multidão que os aguardava em frente ao palco. Mas quem estava na platéia, provavelmente não esqueceu o show.

Ontem à noite, um quarto de século depois daquela apresentação memorável, quatro dos oito malucos do Circo Voador voltaram ao Recife para reprisá-la. Dessa vez, no palco do Baile Perfumado. Um ambiente menor, mas fechado e com uma qualidade de som bem melhor.


E foi como voltar no tempo. Desde a abertura, com o ritmo primal da faixa-título dando pancada no estômago da galera, que reagiu com a fúria esperada. Na segunda música, “AA UU”, todo mundo explodiu, pulando que nem doido. E o disco veio vindo, na ordem de gravação: “Igreja” foi cantada por todos, agora sem aquele preconceito besta que alguns tinham há vinte e cinco anos. “Polícia” foi outro cacete, com Sérgio Britto instigando a galera, que improvisou até roda de pogo em frente ao palco.
 
A seguir, veio a minha preferida de todo o álbum, “Estado Violência”, única composta pelo batera Charles Gavin – nesse show substituído à altura por Mário Faber – e aquele fantástico riff de baixo composto por Nando Reis (que também não veio) e executado com perfeição por Branco Mello.
 
Em “A face do destruidor” não aguentei e me joguei na roda de pogo. E foi de lá que ouvi a levada rápida de “Porrada”, pra depois dar uma respirada em “Tô cansado”. O público novamente foi ao delírio com “Bichos Escrotos”, maior riff do disco cantado a plenos pulmões pela galera. A banda só ouvia e sorria. E vieram “Família”, “Homem primata” e “Dívidas”, fechando o set com “O quê”.
 

Depois daquele tiroteio sonoro, nem precisava de mais. Já dava pra voltar pra casa feliz. Mas os caras fizeram uma pausa e voltaram, com uma mala cheia de clássicos da banda. Rolaram músicas novas e antigas. Entre elas, “A melhor banda dos últimos tempos...”, a porrada de “Vossa excelência”, “Flores”, “Lugar nenhum”, “Aluga-se” (de Raul Seixas), “Nem sempre se pode ser Deus”, “Diversão”, “O pulso” e a fantástica “Televisão”.

Com o público enlouquecido, mas absolutamente sob seu controle, a banda ainda voltou para um segundo bis, fechando o show com “Marvin” e “Sonífera ilha”. Para os mais jovens, que viram tudo pela primeira vez, deve ter sido bom demais. Já para os velhinhos, como eu, só resta agradecer aos igualmente velhinhos Paulo Miklos, Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto pelo que fizeram – e vem fazendo – há mais de trinta anos: puro rock and roll, com selo nacional.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Mais um protesto urbano
















Sempre fui politicamente incorreto, inconveniente e muito chato. Dito isto, e usando tais prerrogativas, permito-me abandonar a "razão histórica", o "prisma social" e o sentimento de "preservação da memória coletiva", para uma observação que, certamente, pintará mais um alvo na minha testa: não entendo como as pessoas continuam dirigindo seus carros ou utilizando os coletivos mal-conservados e calorentos nestes engarrafamentos mostruosos da cidade do Recife e, ainda assim, se metem a empunhar bandeiras "heróicas" contra a abertura de novas vias ou a ampliação de algumas já existentes.


Há algumas semanas assisti - (quase) em silêncio respeitoso - à uma mobilização contra a construção de prédios "para gente rica" naquele Cais José Estelita. Um local abandonado por Deus e por sucessivos governantes, onde a gente torce para o carro não quebrar ou para o ônibus não dar pau, sob o risco de ser assaltado pelos cracoleiros, única população vivente por ali além dos vira-latas. Foi uma campanha e tanto aquela! Não sei se vocês ainda lembram...

Agora, ouço uma chiadeira danada porque cortaram um pedaço de calçada numa praça do nobre e elegante bairro do Parnamirim para que seja ampliado um pedaço da avenida, numa tentativa - meio amadora, é verdade - de amenizar a total inércia do tráfego que acontece ali diariamente, e não mais apenas nas horas do rush.

Não se falou em suprimir a praça. Retiraram um pedaço da calçada, vejam bem. Eu mesmo só notei quando vi o cascalho solto na rua. Mas... beleza. Uma praça é sempre uma praça. O que será dos nossos filhos sem elas? Que futuro esperar de uma cidade feita só de espigões e avenidas?
Bom, atrevo-me a sugerir algumas alternativas.

Para os mais abastados e bem afortunados na vida, talvez uma boa saída seja o Aeroporto-dos-Guararapes-Gilberto-Freyre (Ainda queria saber quem danado sugeriu essa "homenagem").

Já para os menos favorecidos - mas que, nem por isso, deixam de se queixar do "progresso desvairado", sugeriria como saída a BR 232, que leva ao bucólico interior do Estado.

Que tal morar numa cidadezinha daquelas, sem barulho, sem trânsito, sem vias largas, sem edifícios altos, sem violência... Mas também sem cinemas, sem teatros, sem shoppings, sem bons restaurantes, sem parques, sem o Bar Central, sem a Fundarpe (pra dar entrada naqueles roteiros dos cuuurrrtas), sem o Cinema da Fundação...

Difícil, né?

Mas pense nisso com carinho quando tiver tempo, quem sabe amanhã cedinho, quando estiver atrasado pro trabalho, preso em mais um engarrafamento gigantesco desse nosso atrasado Recife.

terça-feira, 24 de abril de 2012

O maior mico da história do metal

















O que era para ser o principal evento do gênero na América Latina, no Maranhão, virou amontoado de mentiras e desrespeito com uma legião de fãs, humilhada pelos produtores

Ricardo Novelino
do Jornal do Commercio

A cena era mesmo surreal. No Parque Independência, na periferia de São Luís, no Maranhão, pairava um sentimento coletivo de revolta, frustração e indignação. O primeiro Metal Open Air (MOA), vendido ao público de todo o mundo como o maior festival dedicado ao heavy metal da América Latina, chegava ao fim de forma precoce e melancólica. O Korzus, banda paulista escalada para tocar no sábado à tarde, encarava a plateia, beirando a meia noite, para tentar, ao menos, dar um caráter de respeito à despedida. Depois de tocar três músicas, o vocalista Marcello Pompeu comandou momentos de catarse para aliviar o clima entre os headbangers. 

Gente de várias partes do Brasil e de outros países, uma legião de humilhados, foram enganados pelos produtores. Coube a Pompeu a iniciativa de expurgar a raiva com um gesto simples. Convidou os jornalistas para subir ao palco principal, já que o outro era desmontado enquanto o show acontecia, e comandou a execução de estrofes do Hino Nacional Brasileiro, à capela. Eram os bangers, maioria esmagadora de preto, usando símbolos e cores nacionais como forma de enfrentar aqueles momentos. 

Um público formado por excluídos e renegados da cultura considerada tradicional gritou "gigante pela própria natureza", reuniu as últimas forças para suportar a situação tão irreal quanto a possibilidade de acontecer tanta coisa ruim em tão curto espaço de tempo, como de fato ocorreu. O Metal Open Air ganhou o mundo não pela qualidade dos shows, mas pela capacidade de pessoas sem escrúpulos de destruir sonhos. O MOA virou um grande mico. Um mico mundial.

Quem foi a São Luís acompanhou o nascimento e o assassinato de uma bela ideia. A euforia das primeiras horas da tarde da sexta-feira, no aeroporto, contrastava com o cenário desolador do domingo à tarde, horas depois do cancelamento oficial do festival. Nas ruas, a cada esquina, grupos de sotaques e línguas diferentes. Bares lotados, cervejas nas mãos e brilho nos olhos de quem deixou família em casa, pegou ônibus ou avião e gastou R$ 450 para curtir três dias de metal.

A promessa era grande: 46 bandas em dois palcos. Apenas 12 aconteceram. Medalhões de todas as vertentes do estilo iriam ao Maranhão. No peito, cada um mostrava sua preferência nas estampas das camisetas. Depois, a lama cobria as roupas e as barracas de quem queria acampar e foi expulso dos estábulos do parque de exposições de animais, sem direito a nada.

Como se não bastasse o desrespeito e a falta de consideração dos organizadores, que não explicaram o que de fato aconteceu, quem caiu do cavalo em São Luís teve que aguentar mentiras, boatos e justificativas infantis. A ficção criada pela Lamparina Produções, produtora local, e a Negri Concerts, agenciadora internacional, começou a ruir por causa de um grito isolado líder do Hangar, Aquiles Priester. O batera jogou a primeira pedra e denunciou não ter recebido cachê, ainda na quinta-feira. Parecia um problema pontual. Mas ninguém disse nada. E muita gente embarcou, literalmente, naquela viagem. 

Em vez de explicar, Natanael Jr., da Lamparina, e Fábio Negri, se esconderam o quanto puderam. Não houve comunicado oficial até o domingo de amanhã. No local do evento, uma central de boatos replicava informações. Quando os responsáveis - ou irresponsáveis - apareceram, já era tarde. Com isso, surgiram baixarias e denúncias de agressão e intimidação entre os cabeças do MOA. Lamentável, como tudo o que ocorreu.

Muitas perguntas ficaram sem respostas. E talvez fiquem para sempre. A não ser que as ações coletivas prometidas por fãs mais revoltados cheguem à justiça. Quem sabe, o mundo inteiro não saberá o que foi feito com a verba arrecadada com patrocinadores, governo do Maranhão e Prefeitura de São Luís. Cadê os R$ 5 milhões aprovados para o projeto? Quem pagou passagem, hospedagem e passaporte do MOA vai ser ressarcido?

Vamos esperar para ver. O tempo pode até trazer reparos financeiros, mas não apagará a triste memória. Pobre da cena metal brasileira, que ainda tem que aguentar picaretagem desse nível. E que o mico internacional do MOA não destrua anos e anos de dedicação e trabalho de produtores competentes que realmente gostam do estilo. Bola pra frente. 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Jornalista do "sul-maravilha" critica show de Paul McCartney no Recife

















O colunista da revista Rolling Stones, Paulo Terron, parece que não assistiu ao mesmo show de Paul McCartney que os recifenses viram no sábado. Ele criticou duramente o público, em tom arrogante e pejorativo, passando um recibo de incredulidade pelo fato de o Beatle ter escolhido o Nordeste, e não São Paulo ou Rio de Janeiro, para apresentar sua nova turnê no Brasil.
Após receber centenas de torpedos e posts de protesto, a Rolling Stone tirou a matéria do ar. Mas não a tempo dela ser capturada por várias pessoas.
Gostaria de lançar aqui uma campanha para que o dito jornalista voltasse para seus antigos afazeres na revista Capricho, onde eu soube que ele foi editor. Talvez se saia melhor por lá.
Para quem ainda não leu, eis o texto que a Rolling Stone tirou do ar:


"Não era dia de jogo no estádio do Arruda, mas Paul McCartney teve de disputar uma partida dura contra dois adversários em Recife, neste sábado, 21: o calor excessivo e a plateia barulhenta e desinteressada de quase 50 mil pessoas que ali estavam para abertura brasileira da turnê On The Run.

O ex-beatle subiu ao palco às 21h35, com “Magical Mystery Tour” e, em poucos minutos, já estava encharcado de suor. Mais do que isso, parecia incomodado, passando a mão pelos cabelos e rosto constantemente, e, por vezes, ficando com o olhar perdido nas pausas entre as canções. Entre “Junior’s Farm” (tocada pela primeira vez em solo nacional) e “All My Loving”, o britânico abandonou o blazer preto para revelar uma já também molhada camisa branca.

McCartney fez questão de anunciar que outra faixa, “The Night Before”, faria sua estreia no Brasil. Mas o que poderia ser uma informação empolgante acabou completamente perdida em um público que parecia mais interessado em conversar e tirar fotos (não do show – mas uns dos outros). Em momentos mais intimistas como na homenagem a John Lennon com “Here Today”, chegava a ser difícil ouvir a música, abafada pela conversa em alto volume no estádio.

Poucos momentos roubaram a atenção dos pernambucanos por completo: as explosões e o fogo de “Live and Let Die” foram mais barulhentos que o público, enquanto os hits “Yesterday” e “Hey Jude” (com McCartney errando discretamente a letra) colocaram as bocas dos pagantes à serviço do show. “Povo arretado”, brincou o músico, em português, algumas vezes ao longo das quase três horas de apresentação.

Já recuperado do calor lá pelo meio da noite – quando a temperatura finalmente cedeu e baixou -, Paul McCartney brilhou: dedicou a nova “My Valentine” à “belíssima esposa Nancy” (mais uma vez na língua local) e lembrou, apontando para o céu, que a canção seguinte, “Maybe I’m Amazed”, fora escrita para Linda McCartney.

Na volta para o bis final, Paul McCartney voltou ao palco com uma bandeira de Pernambuco (o baterista Abe Laboriel Jr carregava uma flâmula de pirata, inexplicavelmente) e fechou a noite com a explosiva sequência “Yesterday”, “Helter Skelter” e “Golden Slumbers”/”Carry That Weight”/”The End”. No sábado, o inglês venceu a partida. Mas no domingo, 22, o público de Recife terá revanche."

terça-feira, 3 de abril de 2012

Novo single do Rush estreia dia 19 de abril




O Rush já causou todo o tipo de rebuliço sobre o novo disco Clockwork Angels (2012). O primeiro single do novo disco da banda canadense vai ao ar no dia 19 de Abril. A música "Headlong Flight" irá ao ar nas rádios americanas em uma versão editada, já que a original ultrapassa os 7 minutos de duração.

Este na verdade será o terceiro single do disco se levarmos em consideração a dobradinha ‘Caravan’/'BU2B” foram lançadas, em 2010, no entanto não se sabe ainda se as versões dessas músicas serão exatamente iguais em Clockwork Angels (2012).

O disco tem previsão de lançamento para 29 de Maio nos EUA e sai pela Roadrunner Records. O disco foi produzido por Nick Raskulinecz, o mesmo produtor do disco anterior do grupo canadense Snakes & Arrows (2007).

Um recente artigo publicado no jornal canadense Cape Breton Post comentou essa premiação do power-trio, trazendo ainda boas informações sobre a nova turnê a partir de uma declaração de Neil Peart:

... "Estamos muito gratos por esse prêmio pelo conjunto de nossa obra enquanto ainda estamos ativos (muito ativos, nossas famílias que o digam!)", disse o baterista e letrista do Rush por e-mail, lembrando que a banda dava os últimos retoques no 20º álbum de estúdio, "Clockwork Angels", com uma turnê planejada para o outono. ...

Portanto temos a primeira confirmação oficial sobre a próxima turnê. Vale lembrar que o outono no hemisfério norte começa em setembro e, dessa forma, daqui a aproximados seis meses teremos o Rush de volta aos palcos. Segundo o site Rush Is A Band, a banda se encontra nesse momento em processo de encaminhamento de sua turnê, solidificando datas em vários locais da América do Norte.

É provável que eles visitem o leste e o centro-oeste canadense entre os meses de setembro e outubro e o sudeste dos EUA entre outubro e novembro. Como a banda cairá na estrada nos últimos meses de 2012, é possível que surja uma parada entre as festas de fim de ano, retornando em 2013 para uma segunda perna americana e européia e, quem sabe, sul-americana.

Por enquanto são apenas especulações, mas sempre nos lembramos da frase dita por Geddy no fim do último show brasileiro da turnê Time Machine, em 2010: "Obrigado Brasil. Esperamos ver vocês em breve novamente".

Fontes:
www.progshine.com
www.whiplash.net