sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A pressa necessária













Nada de rever conceitos! É simplesmente necessário dizer a verdade, abraçá-la e dormir com ela. Assim, se morremos, morremos na verdade. Nunca na mentira. E se tudo parecer apenas uma bela brincadeira de crianças, ainda melhor. Afinal, são as crianças que levam mais a sério tudo o que fazem.


Vive-se para morrer. Inegável sentença. Mas, enquanto vive-se, mantém-se a inexorável esperança de continuar vivo. E se, para alguns, é mais fácil fingir equilíbrio nessa expectativa diante do que vem à frente - assim como, para outros, mais tranqüilizador é apostar no porvir - por que não renovar a esperança a cada despertar, apenas?


Acordo, logo, estou vivo. Tão simples que não há porque pedir mais.

Reluto em dormir porque quero permanecer noite. Mas até ela, a noite, dorme. Então, durmo com ela, na esperança de despertar com o sol. E no dia seguinte, também ele dorme. Assim segue o ciclo da vida. Impermanente e fugaz.

Explica-se, dessa forma, a dificuldade de esperar os fatos. E mais: os planos. Que planos? Melhor seria reforçar os desejos, tão somente. Saber esperar? Não interessa aprender tanto. Interessa saber do agora. Que daqui a pouco é passado.


Não é o rouxinol, mas a cotovia quem está cantando. A ela, apressada, cabe anunciar o dia seguinte, enquanto seu parceiro inda comemora a noite anterior. E quando canta a cotovia, Julieta, se insistires em segurar o tempo, teu Romeu é um homem morto.


Não quero esperar mais. Nem posso. Está em tempo. Tempo de colher o que foi plantado com dedicação ainda ontem.
Não há mais motivo de espera. Tudo está claro como o dia. Manifeste-se!

* Grato, mr. William

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