segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Moitas ao vento
















* Escrito em 13/05/07

Dia sem graça! Vontade danada de escrever, e não sai nada astral. Mas não deixo a cabeça guiar a pena. Mais proveitoso é comandá-la com o coração. É dele, afinal, a função ingrata de processar o que de negativo se recebe na vida.

Você não precisa concordar, claro. Vai perguntar: e o que vem de positivo? Cabe lá, sim. Mas uma over de negativismo, tipo caranguejo na panela, puxando pra baixo o outro infeliz que tenta se salvar, convenhamos, não é mole.
Tem gente que age assim e, na cara dura, se declara “leve, criativo e feliz”. Leve porque jogou o peso do ego em cima de nós!

Mas gente assim também não encontra muito cafuné por essas bandas. Pegou pesado, leva de volta e ainda paga o frete, como diria seu Lunga, o mestre. Lei da ação e reação. Não aquela do karma, mas a de Newton: "Se A aplica uma força sobre B, recebe de volta uma força de igual intensidade".

Na terra da minha mãe, tem uma forma engraçada de classificar gente chata: “fulano é pior que mel de abelha com farinha”. Tem mistura mais enjoativa? Chiclete na sola do pé ou ressaca com gosto de cabo de guarda-chuva. Mas essa tem remédio. Bebe água, muita! Poço é o que não falta! Rá!


Falar em água, é muita chuva lá fora. Dia frio e chato. Mesmo de folga. Vem uns amigos aqui em casa mais tarde. Quem sabe a coisa melhora? Por enquanto, a biografia de Kerouac segura a onda. Estilo de palavras que parecem soltas ao vento. Mas só parecem. Lê com atenção e você vai se surpreender com a lição de simplicidade. Soltas, mesmo, só as tumbleweeds descritas pelo andarilho ao longo da estrada para o oeste. Quer saber o que são tumbleweeds? Olha no pai-dos-burros eletrônico.


Aliás, Kerouac pode até nem ter lido Schopenhauer. Mas que eles têm semelhanças, isso têm. Nunca vi dois escritores de vidas tão distintas falarem com tanta propriedade sobre o “gênero” humano e suas idiossincrasias.


A gente vai crescendo – por fora e por dentro, quando tem sorte – e vai tomando partido. Tem que tomar. Só existem dois: o dos que se adaptam ao sistema e o dos que se recusam a dar o braço a torcer. Esses, são taxados de rebeldes, ou excêntricos, quando têm mais sorte. Mas para a maioria, são chatos e metidos mesmo.


Pior é quando os adjetivos partem de quem se acha o supra-sumo da vida. Gente que não consegue enxergar o próprio umbigo porque não tira os olhos do furo abdominal alheio. Se liga, cara! Se o próximo te incomoda, passa para o próximo do próximo...


Hoje ficou difícil mesmo. Dia chato. Mas a vida vai se acertando mesmo debaixo de chuva grossa, relâmpagos e trovões. E de um exercício literário – e isso é literatura, seu Carrero? – que termina num tom de desabafo: pra encher lingüiça, blog e a paciência alheia.
Mas se você chegou até aqui, valeu a pena a enrolação. Posso dormir feliz.

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